sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

EZECHIAS DA ROCHA, O SENADOR QUE INTITULOU O “PETRÓLEO É NOSSO”.



Ezechias da Rocha ainda estudando Medicina na Bahia em 1916. É o quinto da esquerda para direita o de menor estátura do grupo.

Ezechias Jerônimo da Rocha nasceu no dia 8 de dezembro de 1898 na antiga vila de Sertãozinho, atual município sertanejo de Major Izidoro em Alagoas. Era filho de Maria Umbelina Rocha e do Major Izidoro Jerônimo da Rocha, que seria homenageado dando o nome ao lugar. Iniciou os estudos ainda em Sertãozinho na escola da professora Leopoldina Ferreira e, já em Maceió, estudou no Colégio 11 de Janeiro, do professor Higino Belo. Para estudar Medicina transferiu-se para Salvador, onde concluiu o curso em 1921.De volta a Maceió, construiu uma vida profissional que o levou a ser chefe de clínica da Santa Casa de Misericórdia de Maceió, professor de História Natural do Lyceu e do Instituto de Educação. Posteriormente, tornou-se professor de Medicina Tropical na Escola de Medicina de Alagoas, da qual foi um dos fundadores. 



Casou-se com Maria Anunciação Botelho da Rocha ( Ahia da Rocha ), filha do Dr. Manoel Sampaio Marques, com quem teve Três filhos de nomes: Fernando Jorge da Rocha, Anna Maria da Rocha e Humberto Jorge da RochaParticipando da vida da comunidade, vincula-se ao CSA e é o primeiro médico esportivo de Alagoas. Era comum vê-lo entrando em campo com uma bolsa para aplicar arnica nos jogadores machucados. 


Destaca-se também nas letras e lidera a Sociedade de Medicina de Alagoas. Por estar nesta posição no período da Revolução de 30, é convidado pelo interventor Afonso de Carvalho para assumir a Diretoria de Saúde Pública. Movido valores cristãos — era um católico extremado — adota a máxima “antes de salvar a terra, é preciso salvar o homem”, e inicia uma política de Saúde voltada para educar e sanear, elevando o nível social e intelectual do povo. Adota campanhas sanitárias que eram propagadas em versos, utilizando as crendices, adivinhações e a autoridade mística do Padre Cícero Romão. 

POLÍTICA

Como presidente da Sociedade de Medicina, logo foi chamado para ingressar na política. Em 1934 candidata-se a deputado, mas fica na suplência em uma eleição em que alguns analistas da época asseguram que ele foi eleito. Em 1936, assume o mandato até novembro do ano seguinte, quando o Estado Novo extingue o parlamento.


Em 1950, filiado ao Partido Republicano, é chamado por Arnon de Mello para compor a chapa como candidato ao Senado. Arnon enfrentava Campos Teixeira, ligado a Silvestre Péricles, enquanto que Ezechias da Rocha teria que vencer o poderoso general Pedro Aurélio de Góis Monteiro, que esteve no poder com Getúlio Vargas desde os primeiros movimentos de 1930. Mesmo sem recursos, venceu a eleição e transformou-se em um fenômeno eleitoral discutido e comentado no mundo político do país. No Senado, ocupou a 4ª Secretaria da Mesa, foi ainda presidente da Comissões de Redação e Saúde, e membro das comissões de Cultura e Saúde. Foi delegado brasileiro às conferências interparlamentares que se reuniram em Viena e Helsinque.


No Senado, seu forte nacionalismo o levou a se destacar na campanha o “Petróleo é Nosso“, sendo identificado como “o parlamentar do petróleo”. Os problemas do Nordeste e de Alagoas também faziam parte da sua pauta de atuação parlamentar. Autor de inúmeros escritos científicos, Ezechias da Rocha também desenvolveu aptidões intelectuais, levando-o a participar das rodas culturais da época e a participar de instituições como o Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas, Federação das Academias de Letras do Brasil e Academia Alagoana de Letras. Na atividade literária utilizou os seguintes pseudônimos: Frei Francisco, Paulo Bruno e Alexandre Zabelê. Com o fim do mandato de senador, em janeiro de 1959, não mais candidatou-se. Dividiu os últimos anos de sua vida entre o Rio de Janeiro e Maceió. Faleceu no Rio de Janeiro em 8 de abril de 1983.

Obras

– Síndrome, Bahia, Imprensa Oficial, 1921 (Tese apresentada à Faculdade de Medicina da Bahia);
– A Vida dos Cristais (Ponto de livre escolha). Tese de Concurso à Cadeira de História Natural no Liceu Alagoano, Salvador, A Nova Gráfica, 1926;
– Metamorfose do Organismo Brizoário (ponto sorteado pela Congregação. Tese de Concurso à Cadeira de História Natural, no Liceu Alagoano), Bahia, A Nova Gráfica, 1926;
– Intoxicação Ciânica Endógena, Uma Hipótese Sobre a Etiopatogenia do Diabete. Conferência Lida na Sociedade de Medicina de Porto Alegre, em 6/4/48, Maceió, Arquivo da Sociedade de Medicina de Alagoas, 1948;
– Lusitânia, Maceió, Ed. C. Ramalho 1922 (poesia em homenagem aos aviadores portugueses Sacadura Cabral e Gago Coutinho);
– Dois Discursos, Maceió/Jaraguá, Livraria Machado, 1933;
– Por Deus e Pela Pátria!, Maceió, Ed. C. Ramalho, 1942;
– Quem Pode Cantar? , Rio de Janeiro, [s. ed.] 1963 (poesia);
– Sonetos, Maceió, 1965; Musa Antiga, Maceió, Orfanato São Domingos, 1947, prêmio Othon Bezerra de Melo, da AAL (poesia );
– Em Memória do Patriarca de Sertãozinho, Maceió, Orfanato São Domingos, 1947;
– Este Rio é Sempre o Rio, Rio de Janeiro, J. Ozon Editor, 1961 e Maceió, Orfanato São Domingos, 1967 (poesia );
– A Epopéia da Baleia, Rio de Janeiro, J. Ozon Editor, [s.dt.] (poesia );
– Poemas Autografados, Rio de Janeiro, 1974;
– 13 Sonetos, prefácio de Lima Júnior, Maceió, [s. ed.], 1961;
– Cidade Maravilhosa, Em Comemoração do IV Centenário da Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, Maceió, Ed. Figueiredo, 1964 (poesia );
– Sonetos, Maceió, 1965; Vamos Caçar Cegonha, Rio de Janeiro, 1971 2ª edição BENFAM, (poesia);
– Cantos Natalinos, Rio de Janeiro, Valentim Gráfica Editora, 1982;
– Cantos do Natal, Rio de Janeiro, Livraria H. Antunes, 1956;
– 100 Quadrinhas, Maceió; Minha Terra, prefácio de Paulino Santiago, 1954 (dat.);
– Poemas Natalinos, Rio de Janeiro, 1982; O AntiCristo. 666;
– Sonetos e Outros Poemas, Alagoas, 1974;
– A Eucharistia, o Pão da Paz (Discurso Pronunciado na Matriz de Jaraguá por ocasião da Semana Eucharística, Realizado no Mês de Outubro de 1937), Maceió, Gráfica Orphanato São Domingos, 1938;
– Petróleo Para Alagoas. Por Ezechias da Rocha e Igor Tenório, Maceió, Casa Ramalho Editora, 1956;
– Adeus à Belacap. Cidade das Maravias, Rio de Janeiro, J. Ozon Editor, [s. dt.];
– Trata-se Efetivamente do Fêmur do Megatério – É o Que Nos Diz o Dr. Ezequias da Rocha, Dedicado Amador da Paleontologia Entre Nós; Revista do IHGA, v. XX, Anos de 1938-1939, p. 53-57 ( originalmente publicado na Gazeta de Alagoas, de 21/06/1938);
– Discurso do Dr. Ezequias da Rocha na Sessão com que o Instituto celebrou o cinquentenário da Rerum Novarum, Revista do IHGA, v. 21, anos 1940-41, Maceió, s/d, p. 118-119;
– O Galo de Belém, Revista da AAL, n. 03, p. 19-20 (poesia);
– Poesia, Revista da AAL, n. 04, p. 21-24;
– Sonetos, Revista da AAL, n. 5, p. 17-19;
– Ciúme do Mar, Revista da AAL, n. 6, p. 23-25 (poesia);
– Sonetos, Revista da AAL, n. 7, p. 33-35;
– Diversos, Revista da AAL, n. 8, p. 18-23 (poemas);
– Canto Nativo, Revista da AAL, n. 9, p. 20(poesia);
– Colaborador de diversos periódicos, em especial no Jornal de Alagoas e no Imparcial (BA).
Fonte: Pesquisa do prof. Douglas Apratto Tenório para Memórias Legislativas nº 27, de 28 de junho de 1998; Site: A FAMÍLIA DA ROCHA DE MAJOR IZIDORO – ALAGOAS.   ( Pública no Sitio: www.historiadealagoas.com.br)